AS POTENCIALIDADES DOS GRUPOS EM TEMPOS DE DESAMPARO
Realizado em 2023 na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa
PROGRAMA
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NOTA INTRODUTÓRIA DA PRESIDENTE DO CONGRESSO
Os finais do século XX e princípios do século XXI foram palco da experiência de profundas mudanças nas estruturas sociais e políticas com reflexos no predomínio de uma psicopatologia autocentrada e narcísica, ignorando-se, por vezes, através de idealizações egóicas, a impotência, a castração, a passagem do tempo, com condução à negação defensiva da situação fundamental e insuperável da fragilidade humana de desamparo. Eis que recentemente o eclodir de uma pandemia, de uma guerra na Europa, de apreensões sobre as alterações climáticas vão consubstanciar uma vivência de desamparo iniludível. É neste contexto de tempos revoltos, inconsistentes, geradores de medo e de angústia que na contemporaneidade nos confrontamos com intensas vivências de desamparo, fonte de emergência em nossas clínicas, de uma psicopatologia predominantemente desenvolvida na órbita do déficit e do narcisismo.
É pois importante discorrer sobre os processos de desamparo e suas possíveis implicações na nossa prática com grupos.
O trabalho com grupos, no contexto atual, tem uma função a nível relacional ao colocar as pessoas em contato propiciando através do estabelecimento da matriz grupal além da possibilidade de análise dos fenómenos intrapessoais, numa perspectiva terapêutica, clínica, a análise de fenómenos interpessoais e transpessoais. Esta comprovação coloca-nos um desafio para pesquisas e investigações, para a necessidade de revisão de nossas conceituações e de perspectivação de uma evolução pela integração e valorização de novos entendimentos que ampliem seus campos de ação, suas potencialidades, tendo presente que os tempos de crise encerram em si potencialidades transformadoras.
Sara Caseiro Ferro
Presidente do Congresso
Grupanalista Didata